Projeção mundial com o aval do Arnold

OVACIONADO NO maior evento de fisioculturismo do País, o biamputado Vítor agora espera apoio da cidade para ir ao Mineiro

Vítor Dourado, 1º biamputado a
competir no Arnold
UM DITADO bastante comum entre os brasileiros sugere que, quando uma pessoa tiver algum contratempo, independente do seu tamanho, tire lições e siga adiante. A frase “Se a vida te der um limão, faça uma limonada” é muito popular para exemplificar casos de quem deu a volta por cima, mesmo em situações extremas.

COM O montes-clarense Vítor Dourado foi assim. Antes sedentário e avesso aos esportes, tornou-se atleta profissional somente depois de uma tragédia que se tornou o divisor de água em sua jovem vida: perdeu as duas pernas após um acidente de carro, viu o melhor amigo morrer ao seu lado e teve que se reaprender a andar com próteses.

O PASSO a passo, que pode parecer um trocadilho, o tornou, três anos após o trauma, em um fisioculturista dedicado. E não é só isso: é também nadador, lutador de artes marciais, corredor cadeirante e faz planos para o atletismo paralímpico. Há um ano, segue uma disciplina diária de treinos e alimentação. Na véspera de alguma competição, a carga aumenta e chega a fazer três treinos de uma hora cada, por dia. Nem mesmo o fato de ainda não possuir as próteses apropriadas para as práticas esportivas é empecilho.

DO MUNDO

E O primeiro grande resultado de todo esse trabalho alcançou, nada menos, que a projeção mundial. Vítor Dourado foi o primeiro biamputado do mundo a competir na categoria “Mens Phisyque”, do Arnold Classic, o maior evento de fisioculturismo do planeta e que uma vez por ano tem a sua edição brasileira no Rio de Janeiro. O nome do evento é inspirado naquele que imortalizou o personagem o “Exterminador do Futuro” nas telas de cinema. Antes de se tornar ator, Arnold Schwarzenegger foi campeão mundial de fisioculturismo – o Mister Universo.

Graciane Barbosa e Marcos Mion: de ídolos a tietes
COM 80 quilos e apenas 6% de índice de gordura corporal, ele é apenas o segundo biamputado no mundo a participar do evento. Vítor voltou para casa premiado; quando recebeu o troféu foi ovacionado por nomes internacionais do esporte, personalidades brasileiras adeptas ao fisioculturismo, como os apresentadores Marcos Mion e Graciane Barbosa, e centenas de anônimos.

UM RECONHECIMENTO mundial justamente no primeiro evento do “Arnold” com um espaço paradesportista. Para resumir o que passou para chegar até aqui, Vitor rememorou Charles Chaplin: “As grandes proezas da história foram conquistas daquilo que parecia impossível”. Palestrante sobre sua experiência de vida, Vítor divide o esporte com as aulas do curso de Nutrição.

NO ENTANTO, o prêmio internacional e a fama ainda contrastam com uma velha marca para a maioria dos atletas de Montes Claros, independente da modalidade, idade e projeção: a falta de suporte financeiro. Para o próximo dia 20, Vítor está convocado para disputar o seu primeiro Campeonato Mineiro de Fisioculturismo, no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte. Mesmo com todos os parceiros que tem na preparação do dia a dia, ainda precisa do suporte financeiro para a filiação na Federação Mineira e para a inscrição na disputa. O custo médio é de R$ 250,00. Além disso, Vítor busca uma ajuda de custo para a gasolina. Vai no carro da família. Em BH, não haverá uma categoria paralímpica e ele vai competir com os demais atletas.

“É MUITO emocionante e gratificante ser visto lá fora. Também quero ser reconhecido aqui em minha cidade, mas é muito difícil conseguir apoio. O esporte não é barato e a gente acaba dando tudo o que tem e ainda preciso de ajuda”.

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