A volta confiante de Dandão

ÍDOLO DO MONTES CLAROS nos anos 90, atacante é um dos reforços do Funorte para 2011 e fala sobre as realizações e a readaptação, mas sem prometer gols

AOS 37 ANOS, O
carioca Dandão, batizado Alexandre Soares, está de volta à cidade que o projetou para o futebol, onde se casou e teve filhas. E justamente para disputar a competição na qual se destacou em 1997, com a camisa tricolor do Montes Claros Futebol Clube, o “Bicho”.

FOI UM DOS artilheiros do time-sensação da 1ª Divisão de Minas Gerais naquele ano, desbancando Atlético,
Cruzeiro, Villa Nova e outros tradicionais quando jogava na “La Bombonera do Pequi”, apelido que o Estádio José Maria Melo recebeu do jornalista Girleno Alencar (Hoje Em Dia) diante da performance quase que imbatível do Montes Claros FC.

GANHOU GRITOS personalizados da torcida e até faixa no campo pedindo a sua convocação para a seleção, até ser vendido para a Europa. Exageros e reconhecimentos à parte, agora Dandão, famoso pelas grandes arrancadas e com gols diante dos grandes de Minas no currículo, deixa a década e meia de vida na Europa para se juntar ao projeto do Funorte, que assim como o Bicho em 97, é caçula da Elite Estadual em 2011.

O VETERANO GOLEADOR – que prefere dizer que está “mais experiente” - chega disposto a se readaptar o mais rápido possível após as temporadas consecutivas em clubes como AEK Athenas, Kalamata e Chalkanoras, dentre outros, na Grécia e no Chipre, países com estilos, costumes e clima bem diferentes aos norte-mineiros.

SEM UM HISTÓRICO de graves contusões na carreira, aposta no preparo físico para fazer um bom Mineiro. A estreia contra o Galo, no próximo dia 30, não assusta, mas prefere evitar a promessa de gols. No amistoso de ontem, contra a Seleção de Janaúba, jogou nos dois tempos mas não fez gol. Confira a sua conversa com o VENETA.

SEU ÚLTIMO JOGO foi quase ao final de dezembro. Chega inteiro ao Funorte?
DANDÃO
– “Fiz a última partida oficial em 18 de dezembro e um amistoso no dia 22. Claro que não estou 100% na parte física, mas estou bem e não vejo dificuldade alguma de estar pronto já para o primeiro jogo do Funorte”.

QUEM CONHECE O DANDÃO se lembra dos piques a partir do meio de campo, importantes e decisivos na campanha de destaque que o Montes Claros teve em 1997. Ainda tem esta característica ou prefere ficar centrado na área à espera das assistências?
DANDÃO
– “Ainda tenho a velocidade como característica, mas claro que com menos freqüência. O tempo passou e fiquei um pouco mais experiente (risos), mas continuo explorando minha velocidade que sempre foi um ponto forte. Vai depender também da circunstância de jogo; o espaço que aparecer para estas arrancadas. Mais experiente, de um modo geral, a gente pensa primeiro e depois corre; sem arriscar tanto”.

VOCÊ VEM DO Chipre, um país que não tem tanta tradição no futebol e nenhuma técnica parecida à brasileira. Como será esta adaptação ou o futebol está universalizado e está igual em qualquer parte do mundo?
DANDÃO
– “Igual não é! Cada país tem sua cultura e sua forma de jogar. Muitas coisas na Europa são totalmente ao contrário do que acontece aqui: temperatura, ritmo de jogo, treinamentos... Diria tudo. Estava há 14 anos fora e naturalmente haverá um período de readaptação, mas acho que não terei dificuldade. O Campeonato Mineiro é curto. Nem eu, nem o Funorte podemos perder tempo”.

LÁ FORA SOFREU alguma grave contusão ou somente os problemas típicos de temporada?
DANDÃO
– “Sou abençoado por Deus. Por incrível que pareça nunca tive um problema muscular qualquer que seja. Sofri muita pancada, mas nada grave. Mas há seis anos passei por uma cirurgia de menisco, mas em 18 dias voltei a jogar”.

DE VOLTA A MONTES Claros e não é para passeio. Esperava que a cidade lhe daria a oportunidade de voltar a vestir a camisa de um clube local, logo na Primeira Divisão e para estrear contra o Atlético?
DANDÃO
– “Realmente não passava por minha cabeça. Quando saí daqui, em 97, esperava que o Montes Claros continuasse por muito tempo na ativa e na Primeira Divisão do Campeonato Mineiro, mas infelizmente isso não aconteceu. Passados esses anos, não acreditava que iria aparecer outro time aqui. Outra coisa: enquanto estive lá fora, jamais passou pela minha cabeça foi voltar a jogar no futebol brasileiro. Falava comigo mesmo que a carreira seria encerrada lá. Mas como apareceu o Funorte, da cidade de minha família, na primeira conversa com a diretoria não pensei duas vezes”.

AS FÉRIAS SEMPRE foram aqui?
DANDÃO
– “Sim... Apenas não nasci em Montes Claros (risos), mas constitui minha família aqui. É a minha cidade. Será a oportunidade de retribuir esse carinho que as pessoas têm comigo, mesmo depois de ir para fora. Encontrava com os torcedores e sempre lembravam do que aconteceu naquele ano maravilhoso com o Montes Claros. Fomos muito felizes naquela época”.

NO ATUAL GRUPO, mesmo com inúmeras contratações, o Funorte vem aproveitando jogadores da própria categoria de base. Você chega na condição de um dos mais experientes. Conhece alguém?
DANDÃO
– “Que me lembre, joguei apenas com o Wilson [Martins, goleiro], ainda no Montes Claros. É muito importante mesclar a juventude com a experiência. O momento atual do futebol não permite que você aposte só em veteranos ou só em jovens. Tem que haver uma mistura para que um complete o outro. Tenho certeza que isso será importante no trabalho que estamos fazendo no Funorte”.

MAS SER UM DESSES veteranos a responsabilidade aumenta, não é isso?
DANDÃO
– “Todo jogador quando assina um contrato profissional, independente da idade, tem responsabilidades e obrigação de assumi-las. Comigo nunca foi diferente. As minhas responsabilidades são as mesmas às dos outros jogadores profissionais. Mas é claro que, com a experiência que tenho, com certeza serei mais cobrado. Isso é natural e você tem mais estrutura para absorver uma pressão. É normal em qualquer time do Brasil. E se puder ajudar os mais jovens, farei com o maior prazer”.

DESDE A SUA chegada à cidade, em 96, nunca escondeu sua origem humilde e você sempre prometeu um dia vencer na vida através do futebol. Morou em um país de primeiro mundo, conheceu muitos lugares ricos... O Dandão está independente financeiramente?
DANDÃO
– “Alcancei os objetivos que sempre sonhei para mim e para minha família. Não sou rico, muito menos milionário, mas graças a Deus tenho muito mais do que mereço. Devido ao meu trabalho, meu esforço, minha luta. Passei muitas dificuldades, nada foi fácil. Com muita humildade e trabalho consegui me realizar no futebol”.

E SEUS PAIS E irmãos. Pôde ajudá-los?
DANDÃO
– “Quando falo desses objetivos alcançados tem a ver com isso! Consegui dar uma casa para minha mãe e para minha irmã, graças a Deus. Era um sonho meu. Sinto-me um jogador realizado justamente por essas conquistas”.

ÚLTIMA PERGUNTA: DÁ para prometer gol ou pelo menos prometer vitória?
DANDÃO
– (risos). “É complicado prometer uma coisa ou outra. Mas com o trabalho do dia a dia e bem fisicamente, poxa vida, posso prometer é dedicação, determinação, garra e muita luta. Sempre fui um jogador vibrante e isso tudo posso prometer”. (FOTOS: Heberth Halley)

Um comentário

Anônimo disse...

Dandão, 37 anos... Será que é uma boa para o Funorte? Tenho minhas duvidas.....