"A segurança já começou" - entrevista com o chefe do policiamento do estádio José Maria Melo

COMANDANTE DO 50º BATALHÃO adianta à VENETA como será o trabalho da Polícia Militar para o estádio José Maria Melo no dia 30

Há 12 anos Montes Claros e o Norte de Minas não têm um clube na elite do Estado. O acesso do Funorte em 2010, cujos direitos foram reconhecidos pelo Superior Tribunal de Justiça da CBF ao punir o Mamoré pelo uso de um jogador irregular e garantir a vaga ao Formigão, vem definitivamente recolocar a cidade frente a frente com os grandes de Minas, a começar pelo Atlético, atual campeão estadual e primeiro adversário na tabela, domingo que vem, no estádio José Maria Melo.

Não apenas pelas readequações do Estádio José Maria Melo, que exigiram diversas perícias e vistorias dos organismos competentes na área de segurança, o jogo contra o Galo é considerado de alto risco.


A perspectiva de lotação máxima é um dos primeiros itens na pauta de trabalho da Polícia Militar, mas o trabalho preventivo da corporação irá mais além por causa de uma triste coincidência. O cruzeirense Otávio Fernandes foi assassinado por integrantes da Galoucura após um evento de lutas, ao final de novembro, na Savassi, em BH.


O fato culminou com a prisão dos acusados e a suspensão determinada pelo Ministério Público da torcida organizada por 120 dias, a contar de 4 de dezembro passada. Ou seja, a Galoucura, seja na forma de faixas, camisas e outros adereços, não terá acesso ao estádio. E quis o destino que o primeiro jogo oficial do Galo após o crime acontecesse justamente na terra do jovem assassinado, que nasceu em Montes Claros.

Esta precaução com o veto à organizada, assim como a divisão das torcidas já foi comentada pelo comandante do 50º Batalhão da PM, tenente coronel Jorge Bonifácio Oliveira, chefe do policiamento do estádio José Maria Melo.

Em entrevista à VENETA, ele pontuou como o trabalho acontece para um jogo com estas peculiaridades.


A previsão de público é de cinco mil pessoas somadas a outras mil que estarão trabalhando no dia. Qual será o efetivo para Funorte x Atlético?
TEN.CEL. JORGE – “A intenção é trabalhar com o maior efetivo possível. Pela comparação que a gente faz com a Arena do Jacaré [em Sete Lagoas], por exemplo, para que a PM possa trabalhar a contento seria na faixa de 150 a 200 militares”.

A PM vai isolar o trânsito no entorno do estádio já na manhã do dia do jogo?
TEN.CEL. JORGE – “Que fique bem claro que esta decisão acontece sem atrapalhar o morador vizinho ao estádio. O acesso às casas nas imediações do local será totalmente liberado. Vamos impedir o estacionamento e o trânsito dos veículos de pessoas que estarão no estádio para torcer”.

Ainda haverá mais uma vistoria da PM no estádio José Maria Melo, terça-feira da próxima semana, para definição do “Modus operandi” no dia 30. Mas o que foi visto até agora atende as normas de segurança?
TEN.CEL. JORGE – “Tudo o que foi solicitado com relação à segurança está sendo feito. A troca dos alambrados, a melhoria dos portões de acessos, a melhoria dos banheiros para o torcedor... Dessa forma, com tudo o que está sendo feito, o evento acontecerá normalmente em termos de segurança”.

O senhor tem experiência no que se refere ao policiamento em estádios. Ainda na condição de capitão, comandou as operações do gênero nos jogos do Montes Claros Futebol Clube pelo Campeonato Mineiro, nos anos 90, com públicos de até seis mil pessoas. Mesmo em épocas diferentes, as normas seriam as mesmas?
TEN.CEL. JORGE – “Sem dúvida, as normas de hoje, com base no Estatuto do Torcedor, são bem mais exigentes. Colocam no foco, tanto da mídia como da população, a questão da segurança como prioridade, o que aumenta sobremaneira a responsabilidade é enorme. Por isso, estamos cumprindo uma série de vistorias para que no dia determinado não falte nenhuma condição para a não realização da partida”.

Muito se fala do uso de bebidas alcoólicas, que é terminantemente proibido no interior dos estádios em Minas Gerais e em seus entornos. Como será esse controle por parte da Polícia Militar no caso de Montes Claros?
TEN.CEL. JORGE – “Estaremos fiscalizando no entorno a venda de bebidas já orientando sobre esta proibição, conforme a norma, mas com a mesma atenção no interior do estádio”.

As crianças devem ser entendidas como “um público especial”. Qual a dica mais importante que a Polícia Militar dá aos pais ou responsáveis para o dia do jogo?
TEN.CEL. JORGE – “Normalmente o acesso delas merece um controle, mas há sim uma preparação especial dos militares para ação imediata em caso de sumiço ou qualquer outra ocorrência que seja necessária a nossa atuação”.

E a divisão das torcidas, começa como?
TEN.CEL. JORGE – “Já nas imediações do estádio! Policiamento será intenso a partir da avenida Sanitária e a 500 metros das entradas já haverá esta divisão. A torcida do Atlético terá acesso pelo portão do fundo, pela rua Coronel José Francisco Souto (foto ao lado, onde já há uma pixação), enquanto a do Funorte entrará pela rua Santa Mônica. Já nas arquibancadas, o isolamento será permanente, com cordas e um efetivo proporcional ao público presente. Ninguém com camisa de um clube ficará na área reservada para a outra torcida. Isso é questão primordial na segurança”. (Fotos: VENETA e WILSON MEDEIROS)

Nenhum comentário