Encontro completa 17 anos e reforça a importância em resgatar os ex-atletas

CONTEMPORÂNEOS NO Atlético, Bené, Buião e Ozias falam sobre oportunidades, boêmios e a importância da seleção da AGAP

Bené não conteve a emoção no encontro com Buião (FOTOS: Clara's Imagens)
REVER AMIGOS, relembrar histórias de décadas, rir, chorar e se emocionar. Outras palavras caberiam para resumir como foi mais uma edição do Encontro dos Ex-Atletas de Montes Claros, realizada nessa terça-feira, no Bar do Alex/Free Chopp, no Bairro São José. 

CERCA DE 200 pessoas, entre ex-jogadores, esposas, ex-dirigentes, jornalistas e desportistas, passaram pelo espaço durante pouco mais de quatro horas de evento, que teve homenagens, narrativas de histórias do campo e de fora das quatro linhas, causos dos bastidores do futebol local e, como é tradição, a dedicatória àqueles que não estão mais neste plano.

UM DOS momentos mais aplaudidos foi o reencontro de Buião, Bené e Ozias, que jogaram juntos entre os times de base e profissional do Atlético, em 1965. Hoje septuagenários, o trio não conteve a emoção depois de tanto tempo distante por força do destino. “Ele foi meu colega de quarto no alojamento do antigo Estádio Antônio Carlos, lá em Belo Horizonte. Era amigo para todas as horas, sossegado que só ele. Marcou muito a minha vida naquela época, tanto pessoal como profissional. É muito gratificante revê-lo aqui”, descreveu Buião, ao se referir a Bené, que foi ás lágrimas copiosamente e se tornou o “chorão” da noite.

Encontro reuniu cerca de duzentas pessoas, especialmente ex-jogadores amadores e profissionais (VENETA)
OS DOIS não se viam há 33 anos. O último encontro foi na primeira e única visita de Buião a Montes Claros, nos anos 80, quando fizeram um jogo festivo pelo extinto time da AGAP, associação de apoio aos ex-atletas profissionais (Reinaldo, Nelinho, Dirceu Lopes e outros estavam na delegação) que fazia excursões pelo interior afora para contribuir com aqueles que não tiveram uma carreira tão sólida financeiramente.

BOÊMIA

NA MESMA mesa junto aos ex-companheiros de Galo, Ozias revelou que não se encontrava com Buião há 50 anos e fez questão de se lembrar de alguns treinadores que passaram pelo Atlético, dos mais diversos estilos, desde Paulo Amaral, que antes de se tornar técnico foi preparador físico do Brasil na conquista da Copa de 58, a Wilson de Oliveira, Marão, Martim Francisco e Afonso Silva, o “Bandejão”, que sofriam nas mãos dos boêmios do Atlético. Somente em 64 foram cinco técnicos diferentes.

Bené , Buião e Ozias jogaram juntos em 1964, no Atlético (VENETA)
“PRATICAMENTE TODOS moravam ali em Lourdes, nos alojamentos do Estádio. O treino acabava e a turma mais velha que a gente não falhava: todos os dias fazia o convite para ir para a gandaia”, disse Ozias. Buião completou: “Marcelino, irmão de Bené, jogava lá na mesma época. Era o terrível dos terríveis. Ele e o Viladonega, meu Deus... Não falhavam um dia e saíam para a zona boêmia de Belo Horizonte, ali na Brilhante (risos)”.

SEGUNDO O trio, a turma da noite tinha, também, Bueno, Reginaldo, Toninho e Bueno. “A gente que era quieto e sossegado, mas se fosse pela quantidade de vezes que eles nos chamavam, todo mundo teria ido”, acrescenta Buião.

Ex-jogador do Cassimiro, Lelê (C) ganhou um dos brindes da noite
PARA ELE, Bené foi um jogador injustiçado. “Bené era um jogador clássico, cabeça de área que jogava olhando para frente, olhos em pé. Foi um grande jogador. Pena que ele não teve muita oportunidade para sobressair como eu tive. O irmão dele (Marcelino) foi uma bandeira para o Atlético e talvez esperassem de imediato que ele jogasse bem acima da média em todas as partidas. De qualquer maneira, o nome dele está escrito na história do Clube Atlético Mineiro como atleta e como ser humano”, depôs.

E POR fim, Buião, cujo nome no futebol veio por um erro de digitação no jornalzinho da escola do antigo apelido (“bujão”, por ser gordinho), ele fez um lamento pelo fim do time da AGAP. “Era uma ideia fantástica, mas acabou-se com o tempo. Antigamente, a maioria de jogadores de Atlético Cruzeiro e América era de Minas Gerais e quando parava de jogar ficava por aqui mesmo. Hoje em dia, a maioria vem de fora e a passagem pelos nossos clubes é rápida e fica sem condições de montar essas seleções de ídolos do passado como na nossa época”.

Um comentário

REPÓRTER POLÍCIAL disse...

Meus parabéns pela bela matéria companheiro.