Revoltado, Funorte vai às últimas consequências para ser o dono do acesso

O ACESSO à elite do futebol mineiro de 2011 mudou de mãos. Segundo colocado na Chave C da 2ª fase do Módulo II, o Funorte, que estava sendo beneficiado com uma das vagas pela condenação diante da retirada de sete pontos do Mamoré, por ter escalado o meia Vitinho de forma irregular (sem contrato vigente em dois jogos nessa própria fase), viu o direito à subida passar para o clube de Patos de Minas, depois da decisão do Tribunal Pleno da Federação Mineira de Futebol na noite de ontem.
SEIS VOTOS A FAVOR... DO SAPO
A DENÚNCIA QUE a procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva fez e a 3ª Comissão Disciplinar acatou na primeira instância, por cinco votos a zero, foi revertida pelo Tribunal Pleno na sessão de ontem à noite. Por seis votos a zero, o TP considerou, com base na defesa do clube patense, que o Mamoré não foi culpado pela escalação. O Sapo teve os seus 11 pontos mantidos (ao invés de apenas quatro, por causa da punição), permanecendo o Funorte em segundo com sete.
CONTRATO: TEMPO
VITINHO teria sido utilizado nas duas oportunidades (21/04 - 1x2 Tombense e 24/04 - 2x2 Funorte) com o contrato vencido. No Boletim Informativo Diário da CBF, documento que comprova a legalização de cada atleta e é base do regulamento do Módulo II para que o clube possa escalá-lo, a vigência do contrato terminava em 11/04. O Mamoré insistiu em apresentar duas vias do contrato com a vigência até 11/06.
CARTEIRINHA SALVA
A CONDENAÇÃO da 1ª instância considerou o clube de Patos de Minas negligente por ignorar um documento público como é o BID e que regimenta o direito de escalação de cada atleta do Módulo II.
MAS O MAMORÉ, que mudou de advogado de uma sessão para outra (saiu Antonio Sérgio e entrou Sérgio Rodrigues), fez o mesmo com sua linha de defesa.
AO INVÉS DE evidenciar uma possível rasura numa das vias de contrato do meia Vitinho diante das datas diferentes, acusação que ele fez diretamente à FMF e que foi denunciada por sua diretoria no primeiro julgamento, resolveu, nessa terça, apresentar como tese o fato de ter recebido a carteira do atleta com a data de junho.
ASSIM, os auditores entenderam que o clube não teve culpa, já que portava uma carteirinha emitida pela própria FMF com a data de 11/06.
STJD JÁ
O FORMIGÃO tem o direito de buscar a instância superior e final: o STJD da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Aliás, o clube começou a quarta-feira concentrado nisso. Além de Lucas Ottoni, ligado ao departamento jurídico do Atlético, são mais três advogados contratados para elaborar uma nova acusação ao Mamoré e que será levada à sessão do Rio de Janeiro. A própria Procuradoria do TJD da FMF pode também reforçar a sua denúncia e apresentá-la ao STJD/CBF.
NÃO À FINAL
POR ENQUANTO, a final do Módulo II está confirmada entre Guarani de Divinópolis, primeiro colocado da Chave D, e Mamoré, como primeiro da “C”. Para não deixá-la acontecer, o Funorte vai apresentar uma liminar suspendendo a competição enquanto o recurso do STJD não for julgado. Mesmo que o jogo não valha mais o acesso entende que, se ele acontecer, seria um reconhecimento oficial
OBSERVAÇÕES
O FATO É QUE o clube de Montes Claros sofreu um duro golpe no tapetão e tem ameaçado o sonho de subir para a elite do futebol mineiro em 2011. Mas algumas observações merecem ser feitas.

NO MÍNIMO estranho um decisão do Tribunal Pleno que isenta de culpa tanto o Mamoré, que usou o atleta irregular com um contrato vencido (tanto que ele não foi mais usado na competição), como a FMF, acusada pelo próprio Mamoré de ter rasurado a via dela no contrato do Vitinho.
NESSA TERÇA-FEIRA, o procurador Antonio Mesquita Fonte Boa chegou a destacar que a carteira não deve ser entendida como cópia de contrato e, portanto, não deveria ser apresentada como prova.
CONVENHAMOS, que a cidade de Patos de Minas soube fazer seu lobby em nível estadual. Procurou toda as grandes empresas de comunicação na véspera, evidenciou seu novo estádio (um dos mais modernos do interior mineiro) e levou toda a imprensa local para a sessão do júri, além de quatro vereadores e dois deputados e a diretoria completa do Mamoré.
REVOLTA
A REVOLTA DO Funorte é geral, tanto que Cristiano Júnior, único diretor presente à sessão dessa terça-feira, com exceção da equipe da Rede Minas, evitou entrevistas para rádios e TVs de Belo Horizonte para não evidenciar acusações se comprometer diante da mudança de decisão de uma instância para outra.
FALEI COM ELE logo após a decisão. Com a voz embargada, estranhou como uma decisão muda em pouco mais de uma semana, sendo que a primeira delas foi nitidamente ignorada. Mas acha que a chance de reverter no Rio de Janeiro é grande.
O CURIOSO, segundo Júnior, é que em todos os pronunciamentos, foram evidenciados somente as falhas do Mamoré, mas, na decisão, tudo a favor ao time que estaria errado.
ARGUMENTOS NA BAGAGEM
ATÉ AGORA, nas primeira e segunda instâncias, não foi o Funorte quem fez a denúncia e, sim, a procuradoria do TJD da FMF. Agora sim, no caso do STJD é que o Funorte vai tentar reverter a última decisão que dá a vaga ao Mamoré.
E AINDA: a própria procuradoria também pode fazer isso.
MAS O FORMIGÃO quer agir com as próprias forças para que os fatos sejam devidamente evidenciados. Provas não faltam, como as cópias das vias de contrato, o próprio BID, o artigo 31 do regulamento (que evidencia o BID como primeira referência de legalidade de contratos) e o que considera mais importante as súmulas dos jogos irregulares de Vitinho.
SEGUNDO O FEC, ciente do erro, o Mamoré fez o jogador assinar outros dois sobrenomes diferentes a fim de evitar coincidências. Inclusive na própria carteirinha apresentada pela defesa (vide foto acima).
PARA O TRICOLOR, se o Mamoré defende que Vitinho esteja legal, porque não o utilizou nos jogos seguintes desde quando foi apresentada a denúncia (25/04)?
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