Dirceu Lopes, diferenciado dentro e fora de campo
UM DOS maiores ídolos do Cruzeiro, jogador fala sobre o início de carreira, o exemplo que viu em Garrincha, a amizade com Marcelo Oliveira e o atual time do Cruzeiro: “depende só dele”
NOME OBRIGATÓRIO em qualquer eleição do time de todos os tempos do Cruzeiro, Dirceu Lopes esteve em Montes Claros na última semana. Cumpriu uma agenda pessoal que, entre os compromissos, incluiu os detalhes para o lançamento em novembro, no Automóvel Clube, do Livro “O Príncipe”, biografia do ex-jogador organizada e escrita pelo jornalista Pedro Blank.
MONTES CLAROS tem uma atenção especial do ídolo cruzeirense, pois foi na maior cidade do Norte de Minas, na década de 60, que fez seu primeiro jogo com o time profissional azul num empate com o Ateneu. Tinha apenas 16 anos.
DIRCEU CONVERSOU com a VENETA e falou sobre o passado e o presente da Raposa. Para ele, por causa da união do grupo e da falta de estrelismo deste ou daquele jogador, as chances de conquista de mais um título brasileiro são reais e depende apenas do próprio time. Comentou ainda sobre a amizade com Marcelo Oliveira, conterrâneo de Pedro Leopoldo. Os dois se conhecem desde a juventude.
O Cruzeiro leva este título?
Dirceu Lopes – “Depende só dele. Tem uma vantagem considerável e que não pode ser desprezada mesmo com os problemas que o grupo teve com os desfalques”.
Então, qual é a maior ameaça para que o título não aconteça?
Dirceu – “Olha, o Campeonato Brasileiro está bem nivelado. É muito difícil prever quem vencerá um jogo. Todo mundo já perdeu em casa e ganhou fora. A favor do Cruzeiro a qualidade do grupo. Além de ter reposição, os jogadores estão bem unidos”.
Você é um dos poucos atletas do passado de ouro do Cruzeiro que tem livre trânsito na Toca da Raposa. Há grupinhos no elenco ou isso é boato?
Dirceu – “Sou amigo do Marcelo [Oliveira, técnico] desde a juventude e isso me deixa mais próximo ao ponto de freqüentar a Toca da Raposa II sempre que posso e converso com ele sobre tudo. O que a gente percebe facilmente é a liderança de dois atletas sobre o grupo: Júlio Baptista e o Tinga. Mas sem qualquer confronto de vaidade. Se quer saber mesmo? Acho que esta união que é o segredo do Cruzeiro para estar tão bem neste Brasileiro”.
Com este excesso de liberdade chega a “cornetar” o Marcelo?
Dirceu – [risos] Não. Pouca gente sabe disso, mas o que a gente faz é trocar ideias e tenho a liberdade de conversar com determinados jogadores para que possam render mais. O momento pede ao Cruzeiro mais tranqüilidade. São poucos os clubes ainda abrem as portas para os ídolos do passado e me sinto privilegiado. E nunca alguém torceu o nariz por eu estar lá”.
O Marcelo e você nasceram em Pedro Leopoldo, mas já se conheciam antes da fama de ambos?
Dirceu – “As nossas gerações são diferentes. Sou mais velho que o Marcelo, mas eu já o conhecia. Quando comecei no futebol ainda menino o meu primeiro treinador foi o pai dele, que a gente chamava de “Pacote”. E o Marcelo sempre estava por perto. O pai dele era muito exigente, cobrava muito dos meninos, principalmente em fundamento. Acho que por isso que o Marcelo foi um jogador diferenciado”.
Para as pessoas entenderem como o Marcelo foi dentro de campo. No atual futebol brasileiro, quem tem o estilo dele?
Dirceu – “O Marcelo foi um monstro. Jogava muita bola porque tinha domínio, visão de jogo e batia com as duas penas. Além disso, o Marcelo era muito rápido. Corria com a bola como poucos. Acho que o Paulo Henrique Ganso é o que mais se parece com ele, mas o Marcelo tinha velocidade e o Ganso é meio paradão”.
O estilo do Marcelo lembra alguma coisa ao do pai dele?
Dirceu – “Alguma coisa sim. Os tempos são outros, mas o Marcelo é um técnico muito diferenciado, assim como o Muricy Ramalho. Eles sabem montar os seus times com e sem craques e mais: sabem exatamente qual o limite de cada atleta do grupo”.
Craque! Existe algum no elenco atual do Cruzeiro?
Dirceu – “Craque é aquele que ganha um jogo, que resolve a parada. Por exemplo, num dos jogos mais badalados do Brasileiro, o São Paulo venceu o Cruzeiro graças ao Kaká. Um monstro e fora de série; acabou com o jogo. O Everton Ribeiro caminha para ser um jogador assim, mas é novo e atingirá uma maturidade que fará dele um craque indiscutível”.
Hoje ele é nome certo na seleção...
Dirceu – “E com justiça. Mas presta atenção: ele tem 24 anos e está jogando ao lado de gente que era ídolo dele quando começou, casos do Kaká e do Robinho. Isso tudo deve ser observado, mas como disse: ele é um jogador diferenciado”.
Outro jogador no Cruzeiro que seja diferenciado?
Dirceu – “O conjunto faz a diferença. Tem um jogador que não aparece muito para a torcida, não é craque, mas é um dos mais regulares do time: o Henrique. Ele lembra aquela figura do “carregador de piano”, muito comum na minha época de jogador.
A quem diga que a timidez o atrapalha...
Dirceu – “Nossa. A timidez é uma praga [risos]. Eu que o diga, mas não acho que interfira dentro de campo. Só fora dele. Até que ele está mais solto”.
Quando você começou com o “Sô Pacote”, o pai do Marcelo Oliveira, quem era o seu ídolo?
Dirceu – “Fico até emocionado quando eu me lembro isso. Eu jogava com a certeza de que eu era o Garrincha. Naquela época [anos 50], televisão era coisa rara, mas tinha um barzinho perto do campo e da minha casa que tinha uma e assim eu via o que o Garrincha fazia. Ouvia também no rádio. Comentei isso em algumas entrevistas. Anos e anos depois, o Cruzeiro foi jogar em São Paulo e a gente estava concentrado no hotel. Dividia o quarto com o Raul e tarde da noite bateram em nossa porta. Até brigamos para ver que iria atender até que o Raul foi. Quando ele abriu, voltou mais branco do que já era e me pegou pelo braço até chegar à porta: era o Garrincha”.
E aí, como foi o encontro do “Garrincha de Pedro Leopoldo” com o ídolo?
Dirceu – “Eu só tremia e quase não falava. Fiquei muito emocionado. Pude falar de viva voz que ele era o meu maior ídolo. O Garrincha não jogava mais, já convivia com uns problemas de saúde. Ele estava em São Paulo acompanhando a Elza Soares, que iria fazer um show na cidade, mas fez questão de ir ao hotel para me conhecer. Olha só que honra a minha!”.
Você veio a Montes Claros também para acertar a data de lançamento do seu livro...
Dirceu – “Minha biografia autorizada “O Príncipe – A Real História de Dirceu Lopes”, muito bem escrita e organizada pelo jornalista Pedro Blank. Vamos lançá-lo em Montes Claros no dia 21 de novembro, provavelmente no Automóvel Clube. Tenho uma gratidão pela cidade porque fiz aqui o meu primeiro jogo como profissional, aos 16 anos. Empatamos com o Ateneu em 0 a 0”.
Há uma disputa eterna sobre o maior ídolo do Cruzeiro de todos os tempos: Dirceu Lopes ou Tostão. Quem o é?
Dirceu – “Esta é uma pergunta imortal, eu diria, mas sem exageros. Sou realizado pelo que fiz em campo em minha carreira e o Tostão fez parte dela por muito tempo, quando o Cruzeiro ganhou a projeção nacional. Apenas digo que o Dirceu Lopes fez o Tostão e o Tostão fez o Dirceu Lopes”.
NOME OBRIGATÓRIO em qualquer eleição do time de todos os tempos do Cruzeiro, Dirceu Lopes esteve em Montes Claros na última semana. Cumpriu uma agenda pessoal que, entre os compromissos, incluiu os detalhes para o lançamento em novembro, no Automóvel Clube, do Livro “O Príncipe”, biografia do ex-jogador organizada e escrita pelo jornalista Pedro Blank.
MONTES CLAROS tem uma atenção especial do ídolo cruzeirense, pois foi na maior cidade do Norte de Minas, na década de 60, que fez seu primeiro jogo com o time profissional azul num empate com o Ateneu. Tinha apenas 16 anos.
DIRCEU CONVERSOU com a VENETA e falou sobre o passado e o presente da Raposa. Para ele, por causa da união do grupo e da falta de estrelismo deste ou daquele jogador, as chances de conquista de mais um título brasileiro são reais e depende apenas do próprio time. Comentou ainda sobre a amizade com Marcelo Oliveira, conterrâneo de Pedro Leopoldo. Os dois se conhecem desde a juventude.
O Cruzeiro leva este título?
Dirceu Lopes – “Depende só dele. Tem uma vantagem considerável e que não pode ser desprezada mesmo com os problemas que o grupo teve com os desfalques”.
Então, qual é a maior ameaça para que o título não aconteça?
Dirceu – “Olha, o Campeonato Brasileiro está bem nivelado. É muito difícil prever quem vencerá um jogo. Todo mundo já perdeu em casa e ganhou fora. A favor do Cruzeiro a qualidade do grupo. Além de ter reposição, os jogadores estão bem unidos”.
Você é um dos poucos atletas do passado de ouro do Cruzeiro que tem livre trânsito na Toca da Raposa. Há grupinhos no elenco ou isso é boato?
Dirceu – “Sou amigo do Marcelo [Oliveira, técnico] desde a juventude e isso me deixa mais próximo ao ponto de freqüentar a Toca da Raposa II sempre que posso e converso com ele sobre tudo. O que a gente percebe facilmente é a liderança de dois atletas sobre o grupo: Júlio Baptista e o Tinga. Mas sem qualquer confronto de vaidade. Se quer saber mesmo? Acho que esta união que é o segredo do Cruzeiro para estar tão bem neste Brasileiro”.
Com este excesso de liberdade chega a “cornetar” o Marcelo?
Dirceu – [risos] Não. Pouca gente sabe disso, mas o que a gente faz é trocar ideias e tenho a liberdade de conversar com determinados jogadores para que possam render mais. O momento pede ao Cruzeiro mais tranqüilidade. São poucos os clubes ainda abrem as portas para os ídolos do passado e me sinto privilegiado. E nunca alguém torceu o nariz por eu estar lá”.
O Marcelo e você nasceram em Pedro Leopoldo, mas já se conheciam antes da fama de ambos?
Dirceu – “As nossas gerações são diferentes. Sou mais velho que o Marcelo, mas eu já o conhecia. Quando comecei no futebol ainda menino o meu primeiro treinador foi o pai dele, que a gente chamava de “Pacote”. E o Marcelo sempre estava por perto. O pai dele era muito exigente, cobrava muito dos meninos, principalmente em fundamento. Acho que por isso que o Marcelo foi um jogador diferenciado”.
Para as pessoas entenderem como o Marcelo foi dentro de campo. No atual futebol brasileiro, quem tem o estilo dele?
Dirceu – “O Marcelo foi um monstro. Jogava muita bola porque tinha domínio, visão de jogo e batia com as duas penas. Além disso, o Marcelo era muito rápido. Corria com a bola como poucos. Acho que o Paulo Henrique Ganso é o que mais se parece com ele, mas o Marcelo tinha velocidade e o Ganso é meio paradão”.
O estilo do Marcelo lembra alguma coisa ao do pai dele?
Dirceu – “Alguma coisa sim. Os tempos são outros, mas o Marcelo é um técnico muito diferenciado, assim como o Muricy Ramalho. Eles sabem montar os seus times com e sem craques e mais: sabem exatamente qual o limite de cada atleta do grupo”.
Craque! Existe algum no elenco atual do Cruzeiro?
Dirceu – “Craque é aquele que ganha um jogo, que resolve a parada. Por exemplo, num dos jogos mais badalados do Brasileiro, o São Paulo venceu o Cruzeiro graças ao Kaká. Um monstro e fora de série; acabou com o jogo. O Everton Ribeiro caminha para ser um jogador assim, mas é novo e atingirá uma maturidade que fará dele um craque indiscutível”.
Hoje ele é nome certo na seleção...
Dirceu – “E com justiça. Mas presta atenção: ele tem 24 anos e está jogando ao lado de gente que era ídolo dele quando começou, casos do Kaká e do Robinho. Isso tudo deve ser observado, mas como disse: ele é um jogador diferenciado”.
Outro jogador no Cruzeiro que seja diferenciado?
Dirceu – “O conjunto faz a diferença. Tem um jogador que não aparece muito para a torcida, não é craque, mas é um dos mais regulares do time: o Henrique. Ele lembra aquela figura do “carregador de piano”, muito comum na minha época de jogador.
A quem diga que a timidez o atrapalha...
Dirceu – “Nossa. A timidez é uma praga [risos]. Eu que o diga, mas não acho que interfira dentro de campo. Só fora dele. Até que ele está mais solto”.
Quando você começou com o “Sô Pacote”, o pai do Marcelo Oliveira, quem era o seu ídolo?
Dirceu – “Fico até emocionado quando eu me lembro isso. Eu jogava com a certeza de que eu era o Garrincha. Naquela época [anos 50], televisão era coisa rara, mas tinha um barzinho perto do campo e da minha casa que tinha uma e assim eu via o que o Garrincha fazia. Ouvia também no rádio. Comentei isso em algumas entrevistas. Anos e anos depois, o Cruzeiro foi jogar em São Paulo e a gente estava concentrado no hotel. Dividia o quarto com o Raul e tarde da noite bateram em nossa porta. Até brigamos para ver que iria atender até que o Raul foi. Quando ele abriu, voltou mais branco do que já era e me pegou pelo braço até chegar à porta: era o Garrincha”.
E aí, como foi o encontro do “Garrincha de Pedro Leopoldo” com o ídolo?
Dirceu – “Eu só tremia e quase não falava. Fiquei muito emocionado. Pude falar de viva voz que ele era o meu maior ídolo. O Garrincha não jogava mais, já convivia com uns problemas de saúde. Ele estava em São Paulo acompanhando a Elza Soares, que iria fazer um show na cidade, mas fez questão de ir ao hotel para me conhecer. Olha só que honra a minha!”.
Você veio a Montes Claros também para acertar a data de lançamento do seu livro...
Dirceu – “Minha biografia autorizada “O Príncipe – A Real História de Dirceu Lopes”, muito bem escrita e organizada pelo jornalista Pedro Blank. Vamos lançá-lo em Montes Claros no dia 21 de novembro, provavelmente no Automóvel Clube. Tenho uma gratidão pela cidade porque fiz aqui o meu primeiro jogo como profissional, aos 16 anos. Empatamos com o Ateneu em 0 a 0”.
Há uma disputa eterna sobre o maior ídolo do Cruzeiro de todos os tempos: Dirceu Lopes ou Tostão. Quem o é?
Dirceu – “Esta é uma pergunta imortal, eu diria, mas sem exageros. Sou realizado pelo que fiz em campo em minha carreira e o Tostão fez parte dela por muito tempo, quando o Cruzeiro ganhou a projeção nacional. Apenas digo que o Dirceu Lopes fez o Tostão e o Tostão fez o Dirceu Lopes”.
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