Professor montes-clarense é convidado para estudo sobre como ser torcedor na "Capital Mundial do Futebol"

CONVITE PARA Georgino Neto vem do catedrático Pablo Alabarces, da UBA, considerado o pioneiro nos estudos sobre o lado social do futebol na América Latina

Boca e River é, para os argentinos, o maior clássico do mundo; números traduzem a
paixão da cidade como referência: recorde de clubes e de estádios (Fotos Reuters)
COM A final inédita de Boca Juniors x River Plate na Copa Libertadores de América neste ano, a última na versão com jogos de ida e volta (pelo menos por enquanto), Buenos Aires foi intitulada pelos jornalistas como a capital mundial do futebol. Mas, por mais que a rivalidade com o Brasil seja grande, os números históricos reforçam tal condição para a capital portenha: é a cidade no mundo com o maior número de clubes ativos em divisões consideradas profissionais – são setenta "equipos"! – e a que tem o maior número de estádios de médio porte em diante – 36, com capacidade igual ou superior a 10 mil pessoas.

Pablo Alabarces, da Universidade de
Buenos Aires e autor do convite
DITO ISSO, a Universidade de Buenos Aires (UBA) quer importar do Brasil, mais precisamente de Montes Claros, um pesquisador para estudar sobre tudo isto. O professor Georgino Jorge de Souza Neto foi convidado pelo catedrático Pablo Alabarces, sociólogo e uma das principais autoridades da América Latina nos estudos que associam esporte e sociedade, para desenvolver a pesquisa “Ser Torcedor na Argentina” como produção de pós-doutorado.

GINO CONVERSOU com a VENETA e confessou que ainda não tem dimensão do que isso representa. “Fazer parte de um estudo como este na cidade onde mais se respira futebol no mundo é algo que não tem como dimensionar. Ainda mais vindo do Alabarces, uma das referências mundiais em estudos sociais vinculados à cultura do esporte”, revelou.

ANTES BH

Georgino Neto é coordenador do
observatório sobre futebol em MOC
DESTRINCHAR AS histórias e bastidores do futebol não é novidade para o professor. Georgino concluiu, recentemente, o doutorado em Estudos do Lazer, da UFMG, com uma tese sobre a história dos estádios de Belo Horizonte, primeira produção exclusivamente acadêmica sobre o tema que resgata como foram os primeiros chutes na Capital Mineira e, ainda, “concerta” algumas verdades distorcidas pelo folclore do futebol. Integra, ainda, o Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas (GEFUT), da UFMG.

RECENTEMENTE, CRIOU em Montes Claros o Observatório do Futebol e do Torcer, da Unimontes. Ainda em nível local, ele foi o autor do livro que narra o surgimento do futebol em Montes Claros, a partir de 1916. Atualmente, está em produção a segunda parte do estudo, que pretende descrever também em livro a linha de tempo entre 1937-1957, que faz um recorte sobre, entre outros temas, a cobertura mais precisa da imprensa local sobre o futebol e o surgimento dos eternos rivais Cassimiro de Abreu e Ateneu, ao final dos anos 40.

NAS PRIMEIRAS pesquisas, uma surpresa: numa edição da Gazeta do Norte, de 19 de novembro de 1938, há uma citação sobre a Associação Atlética Ateneu, o que não tem nada a ver com o popular Ateneu, surgido somente em 1947, ainda com o nome do seu fundador – Padre Osmar.

EMBORA ESTEJA entusiasmado com a oportunidade para o pós-doutorado em Buenos Aires, Georgino ainda se resguarda para uma resposta oficial, pois precisaria se licenciar por um período das aulas e atividades de pesquisa da Unimontes, onde é professor.

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