Pequenos, Peerless e Morus encontram oportunidades na competição continental

TÉCNICO CHILENO faz o discurso de aprendizado e vê Sul-Americano como passaporte para chegar ao mercado brasileiro; já dirigente peruano lamenta o esvaziamento por causa dos altos custos


Peerless em ação contra o MOC Vôlei; time conseguiu vencer um set contra os reservas do Sada (foto: Andrey Librelon)
ENQUANTO ARGENTINOS e brasileiros disputam o Campeonato Sul-Americano de Clubes com foco no pódio, chilenos e peruanos estão em Montes Claros para aprender. Nos dois países andinos, o voleibol masculino é uma mescla de amador com profissional e, por isso, os atletas e comissões técnicas do Peerless e do Thomas Morus se contentam com a oportunidade dos ensinamentos enquanto enfrentam os rivais mais tradicionais.

GERMÁN MENA é o treinador do atual campeão chileno, que levantou a taça pela primeira vez no ano passado. Antes mesmo de a bola ir ao ar no Sul-Americano, ele já projetava que o seu time ficaria atrás de argentinos e brasileiros, mas que seria questão de honra terminar à frente do representante do Peru.

“APÓS A conquista da Liga Chilena no início de dezembro, perdemos todos os jogadores estrangeiros e outros atletas nacionais de maior destaque foram para o exterior. Desde então, estamos apenas treinando com uma base ainda em experiência e outros que são atletas da seleção chilena, mas que conciliam o esporte com os estudos e que abriram mão de suas férias por causa do projeto do Sul-Americano”, disse Mena.


Mena acredita que pode chegar às ligas mais fortes da
América do Sul, como Brasil e Argentina (Alex Sezko)
O TREINADOR confessa que, assim como os atletas, busca também a projeção do trabalho e, quem sabe, possa pintar um convite para atuar em ligas mais fortes como a do Brasil e na Argentina. “Já é um grande privilégio estar em quadras brasileiras e certamente estou aprendendo com os times da Argentina e do Brasil. O vôlei brasileiro está num patamar mundial e claro que, com novos conhecimentos, a gente também mira uma ascensão na carreira”.

"COMEMORAR CADA PONTO"

O ADVOGADO Andrés Kouri é o presidente do Club Peerless, que detém seis dos últimos oito títulos peruanos. O time tem somente jogadores nacionais, a maioria oriunda de projetos sociais do próprio clube. Mesmo com uma faixa etária média abaixo dos 21 anos, jogar o Sul-Americano é um privilégio e ao mesmo tempo um sacrifício, já que as despesas são pagas pelos próprios clubes.


Andrés é o presidente do Peerless e teve tempo para tietar
Filipe, um dos destaques do Sada/Cruzeiro (Divulgação)
“O CUSTO para vir ao Brasil é de quase 200 dólares por pessoa. Por muito pouco, tivemos que desistir por falta de recursos. O vôlei masculino no Peru não recebe o apoio com o argumento de que não possui resultados internacionais expressivos como o feminino”, disse. A base de trabalho do clube está nas clínicas de vôlei e nas escolinhas, onde jogadores do interior do País são descobertos e, com o tempo, levados para a equipe de competição na Grande Lima, capital peruana.

SEGUNDO ELE, o orçamento anual do Peerless (inigualável, em inglês) é bem menor que o salário mensal de alguns dos atletas rivais deste Sul-Americano. “Gastamos, por ano, em torno de US$ 40 mil, o que é irrisório para times como o Cruzeiro e o Bolívar, mas para nossa realidade vale muito; por isso, comemoramos cada ponto anotado aqui como se fosse um título. Fazer 19 pontos numa equipe brasileira é o mesmo que ganhar o jogo”, desabafa.


FOI O que o time vez em sua página no Facebook (foto), ao dar destaque para o placar 25-19, do set vencido pelos peruanos contra o time reserva do Cruzeiro, na terceira rodada do Grupo A, na quinta-feira.

KOURI SE mostrou revoltado com duas situações. “O nome do nosso time é em inglês e se pronuncia como se fosse a letra “í” e não como dois “es”, do jeito que os locutores estão fazendo aqui”. Outra bronca diz respeito aos custos para participar: “a taxa de inscrição seria de mil dólares e na véspera aumentou para 2,5 mil. Deveria haver um consenso, especialmente para as equipes pequenas. Por isso, que os times da Colômbia, Bolívia, Venezuela e Guiana Francesa não estão aqui”.

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