E se os clubes de Montes Claros mudassem os seus mantos e distintivos?

HOBBY COM leve toque de "corneta", designers fazem releitura das camisas dos times de Montes Claros - com e sem radicalismo nas mudanças

(Sentido horário) Camisa do Montes Claros toda "lisa" (por Lucas Rocha); uniforme do Ateneu com flor de pequizeiro
em marcas d'água e o do Cassimiro: monocromático e setas (por Raphael Braga); novo distintivo do Ateneu (Lucas)
NOS ANOS 70, 80, 90 e 2000, a cidade sentiu o gosto de ver os clubes locais disputando a elite do Campeonato Mineiro, com maior projeção nos noticiários estaduais e nas resenhas sobre futebol, além de receber os maiores nomes do futebol no Estado. Cassimiro, Ateneu, Montes Claros e Funorte, pela ordem cronológica, estiveram sob os holofotes de toda Minas Gerais. Atualmente, a realidade é outra: o futebol de Montes Claros vive uma fase de recomeço, com repercussão praticamente em nível local e sonhando, quem sabe um dia, retomar um lugar ao lado de Atlético, Cruzeiro e América.

MAS A história é indelével e os símbolos ainda mais. Sob a inspiração de marcas mundiais consagradas e designers mais modernos, que compilam as cores e tradições de cada clube com a tendência de releitura (como sugerem os marqueteiros dos grandes clubes brasileiros e internacionais), os quatro clubes locais inspiram o trabalho de dois montes-clarenses.

NA VERDADE é mais um hobby: redesenhar os uniformes do Broca, Bicho, Formigão e do “Mais Querido”, mas com visuais mais modernos e sem nada a desejar às camisas mais famosas do mundo.

" A CARA DA CIDADE"

LUCAS ROCHA Costa é publicitário e um dos sócios da agência “Os Caras da Mídia” (OCM). No ano passado, ele refez ao seu estilo as camisas do Ateneu, que, na sua opinião, “é o que tem mais cara de o time da cidade”, e do Montes Claros Futebol Clube, o primeiro Bicho, que “tem mais identidade por ter o nome da terra”. A inspiração veio em layout da Adidas e da Nike. Há certa ousadia.

Layout sugerido para o distintivo do Montes Claros; ao lado o atual
EMBORA A decisão de mudar o distintivo dependa do estatuto, ele modificou tudo, inclusive a inspiração gremista do manto do MCFC. As listras verticais em azul, preto e branco dão lugar a uma camisa celeste com detalhes amarelos e brancos nas mangas e na gola. O calção passa a ser azul escuro e as meias brancas.

O DISTINTIVO mantém o Morro Dois Irmãos, símbolo do nome e do símbolo da cidade como inspiração, mas coloridos e com um sol ao fundo. Ao invés de sigla, o nome completo do clube.

“A MINHA ideia foi de valorizar o que temos de bom em nossa terra. Eu gosto de futebol e quis valorizar nossos tesouros”, disse Lucas, que confessa nunca ter acompanhado in loco jogos do Broca e do Bicho, “mas já ouvi muitas histórias”. Sobre os novos estilos, inclusive nos distintivos, segundo ele, buscou referência nos grandes times mesmo “que tentam ilustrar a identidade do clube de alguma maneira no escudo”.

Ateneu: faixa começa larga e vai afinando em direção ao ombro
A CAMISA do Ateneu feita por ele mantém a faixa diagonal, mas com variação na largura. Ao fundo, marcas d’água que reproduzem o sentido da faixa. A maior “revolução” mesmo foi no distintivo, que ganha faixas vermelhas, a mesma cor do nome do Broca.

TALENTO PRECOCE

RAPHAEL BRAGA é mais precoce. Tem 14 anos e é autodidata. Há mais ou menos um ano, por curiosidade, baixou um programa de edição de fotos e começou a “fuçar” as funções até chegar à edição de camisas de futebol. Além do Atlético, clube de coração, trabalhou em criações de outros times brasileiros e internacionais até se dedicar aos clubes locais, com a assinatura das iniciais RMPB (Raphael Marcos Pereira Braga).

AS MUDANÇAS são menos radicais que as do Lucas, mas são bem perceptíveis. Na camisa que refez do Montes Claros, as listras mudam de sentido: horizontais ao invés de verticais. O meião passa a zer “zebrado” nas cores azul claro e preto. A identidade gremista foi mantida.

DOS INÚMEROS layouts que o Funorte teve em suas camisas desde 2008, ano de sua primeira competição profissional, Raphael remodelou a de 2013, utilizada no Campeonato Mineiro da Segunda Divisão, que lembra os uniformes de times como o Paraná e os italianos Genoa e Cagliari. Um lado todo azul e outro todo vermelho escuro, com as mangas invertidas nestas cores. A listras sombreadas por toda a camisa e tons “mais vivos”.

QUANTO AO Cassimiro, o uniforme desenhado pelo garoto vira monocromático em azul. A camisa ganha quatro setas, que se encontram justamente na posição do distintivo. A logo do patrocinador respeita as cores do clube. Há leves detalhes brancos no calção, nas mangas e na gola.

Camisa do Montes Claros com as listras invertidas em relação às originais; a do Ateneu com linhas "seguindo" a faixa diagonal e a do Funorte com  tons mais vivos e mangas com cores invertidas (por Raphael Braga)
A DO Ateneu, segundo Raphael, é a xodó. “Sempre gostei muito do Ateneu e acho as camisas com faixas diagonais as mais bonitas”, diz, ao colocar os mantos de River Plate e do Vasco em seu top-5 dos mais belos uniformes. Além destas, pela ordem, elege a do Atlético, Barcelona e Argentina como as três mais bonitas.

ELE DESENHOU duas novas camisas para o Ateneu. Numa delas, a faixa é mantida, mas com uma referência local inusitada com marca d’água: a flor do pequizeiro. No ombro, detalhes levemente cinza e no meio das mangas duas linhas pretas.

NA SEGUNDA opção, no mesmo sentido da tradicional faixa, várias linhas mais claras e detalhes vermelhos no ombro e ao final das mangas. Nos dois modelos, o calção sempre é preto. Embora poucos saibam, a camisa número um do Broca é a preta com a faixa diagonal branca e calções brancos.

EMBORA NÃO tenham se pronunciado de tal forma na conversa com o blog, Lucas e Raphael aceitam encomendas. Ao mesmo tempo, estão dispostos a novos desafios, inclusive com mais releituras de uniformes locais. “Ainda farei a do Funorte e a do Cassimiro”, diz Lucas.

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