Conheça tudo do Claro/Montes Claros na Superliga

Montes Claros apresentou oficialmente o projeto do seu time de vôlei para a Superliga Nacional 2009/2010. Na solenidade dessa quarta-feira, prestigiada não apenas por autoridades, imprensa e secretários, mas também por crianças que fazem parte de dois projetos do esporte na cidade - MCTC e C&D Sports -, além de tudo o que foi dito aqui na Veneta, foram divulgados valores e outros detalhes sobre a reforma do ginásio poliesportivo, a formação de um conselho técnico e, não menos importante: a simpatia do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça Filho, pela ideia montes-clarense.
Então vamos por partes:

Nascimento

Depois de muita reunião aqui, em BH e no Rio, com envolvimento direto da CBV, FMV, secretaria municipal de juventude, esportes e lazer, ex-técnicos (Marcos Lerbach foi um deles) e ex-jogadores (como William do Prado), o time nasce a partir de um projeto do empresário Felipe Oliveira, da Funadem, fundação vinculada às faculdades Iseib.
Nele, associam-se a prefeitura (o prefeito Tadeu Leite deixou bem claro que o projeto não é do município e fez jus à paternidade), empresas patrocinadoras para os uniformes e, também, empresas da cidade (e que foram representadas por seus proprietários no encontro: Alprino, Transnorte, Café Letícia, Minas Brasil, Autonorte, Pyramide Honda...). Esse pool local seria para o apoio logístico, como moradia de atletas...

Grana

Bom, sobre valores um projeto dessa magnitude precisa muito mais além da força de vontade. O time de Montes Claros terá um custo total de R$ 2,5 milhões durante a Superliga (11 meses - fase de treinos e jogos), sendo R$ 1 milhão do patrocinador Master, que vai associar sua marca ao nome do time; e duas cotas de R$ 550 mil dos patrocinadores secundários.
Sobre o patrocínio master, nada foi dito nos microfones, mas nos bastidores sim: a Claro, operadora de telefonia celular, está prestes a bater o martelo. Será a responsável pela injeção de R$ 1 milhão e, assim, ajudando a batizar o time: Claro/Montes Claros, propositalmente associando sua marca ao nome da cidade.
A prefeitura, de viva-voz, assumiu uma das cotas secundárias e a outra, ainda dentro do papo de bastidores, é da Caixa Econômica Federal.
A Finta, com sede em São Paulo, está bem encaminhada para ser a fabricante de materiais esportivos do time, assim como já faz com o Minas/Vivo, em BH e também na Superliga.

Técnico

Marcelo Méndez, argentino de nascimento, de 44 anos, está mais do que confirmado como técnico do Claro/Montes Claros. Esta será sua primeira experiência no vôlei brasileiro, mas tem no currículo trabalhos importantes como na seleção espanhola principal, no River Plate da Argentina e no Mallorca, também da Espanha, pelo qual conquistou a Supercopa daquele País. Não esteve na apresentação do projeto por motivo de força maior (problema de documentação). Semana que vem chega a MOC de mala e cuia.


Jogadores

Isso não teve mesmo jeito de saber. Os nomes estão mantidos em sigilo, propositalmente, e a direção do time quer capitalizar esse assunto para o técnico Marcelo Méndez. Já, na semana que vem, quando ele estiver na cidade, deverá anunciar as três primeiras contratações. Brasileiros que jogaram na Europa estão entre os mais cotados, mas como ele foi técnico de clubes espanhóis, o Claro/Montes Claros contaria com pelo menos dois estrangeiros: um italiano e um espanhol. Especulações? Inevitáveis: o oposto Dentinho, ex-Minas, seria um deles.

Quadra

Apontado pela própria prefeitura como um elefante branco ou gigante adormecido, o ginásio poliesportivo Tancredo Neves será reformado para receber os jogos da Superliga. Novo piso para a quadra, alojamento, academia de ginástica e, possivelmente, cadeiras nas arquibancadas. Os recursos seriam da ordem de R$ 1,2 milhão, com aporte do ministério dos esportes e contrapartida da prefeitura. Do lado externo, asfaltamento da pista e instalação de alambrados, como nas quadras de futebol indoor. Haverá vistoria da CBV e da FMV. Enquanto a obra não estiver pronta, treinos na quadra do ginásio coberto da AABB.


Conselho de consultores

Um grupo de pessoas da cidade, entre empresários, dirigentes e ex-atletas formam um conselho de consultores para apresentar o projeto na cidade e região, na busca por apoio financeiro e logístico. O atacante Charles Veloso, o Charlão, ex-Minas, Palmeiras e seleção brasileira de base, está neste grupo. Hoje, ele tem uma escola de voleibol. Não está descartada a criação de uma copa regional de vôlei (depois ganharia sua versão estadual) para times de base, no intuito de projetar a marca dos patrocinadores.

Viva Vôlei

A participação da CBV no projeto do time vai mais além do que o lobby e a simpatia de Ary Graça. A entidade mantém um projeto chamado Viva Vôlei, que consiste na formação de escolinhas para crianças e jovens entre 7 e 14 anos, preferencialmente moradores de periferia. O convite para a cidade entrar na Superliga e a criação do time estão atreladas à aplicação do projeto em MOC, possivelmente com seis núcleos de 500 alunos, cada.

Depoimentos


"Acredito que o time nasceu pra ficar e, para que o time seja de ponta, é mais importante investir naqueles jogadores que são de grupo, que gostam de trabalhar coletivamente. De repente, uma única estrela pode atrapalhar todo o trabalho, por extrema vaidade"
Victor Oliveira, meia de rede, 23 anos (De Montes Claros, é jogador do Numancia, da Espanha, foi revelado na extinta copa Telemig Celular. Passou pelo Minas Tênis, Álvares Cabral e Santander)

"Este projeto não é para a cidade ter apenas um time de vôlei, mas também para divulgá-la. A superliga te proporciona um retorno social, porque o vôlei passa a fazer parte de nossa cultura. Para o marketing, um retorno inevitável e valioso"
Felipe Oliveira, presidente da Funadem (Ele é o idealizador do projeto do time de vôlei e, assim, seu presidente)

"Estou admirado em vivenciar o comprometimento de toda a cidade com este projeto. Sei que Montes Claros tem a cultura do vôlei: em 1992, quando estava começando na Federação, realizamos aqui o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais Juvenis, que teve Minas Gerais como campeã. Dali, saíram todas as melhores jogadoras do Brasil e que revolucionaram o vôlei feminino: Ana Moser, Leila, Hilma, Ana Paula..."
Carlos Antonio Rios, o Carlão, presidente da Federação Mineira de Vôlei (dirigente da entidade há 16 anos, garante que este pode ser o maior exemplo nacional de interiorização do esporte)


"Podemos aliar, sim, os atletas de alto rendimento, que são os mesmos de uma superliga, aos projetos sociais do vôlei. Não que tenhamos 100% de atletas revelados nas escolinhas do Viva Vôlei, mas certamente teremos 100% de cidadãos. Esse é o lado humano que o nosso esporte oferece".
Marcos Aurélio Gonçalves, representante da CBV na solenidade (ele é o coordenador do projeto Viva Vôlei, há dez anos)

"A primeira impressão que tive era de que se tratava de utopia, tamanha a dimensão do projeto, mas quando todos querem; quando a ambição é da cidade, não tem como não acontecer"
Luiz Tadeu Leite, prefeito (foi enfático ao afirmar que o time não é da Prefeitura, é da cidade, reconhecendo a ideia de Felipe Oliveira)


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