Estrela de Patrícia Ramos cada vez mais brilhante; nem fratura no dedo incomoda

JOVEM NORTE-MINEIRA fecha a sua melhor temporada e projeta lugar mais alto do ranking no início dos circuitos 2018-2019; confira a entrevista com a VENETA


Patty Ramos na final de Aracaju comemorando seu segundo título na temporada (Foto: Wander Roberto/InovaFoto)
A FASE que a norte-mineira Patrícia Ramos (20 anos) vive no vôlei de praia brasileiro faz com que a sua primeira contusão mais séria – fratura do dedo mindinho da mão direita – pareça o menor dos problemas. Os médicos avaliaram que o caso é cirúrgico. Com isso, ela está fora do “Superpraia”, de 26 a 29 de abril, em Brasília/DF, nada menos que a competição de encerramento da temporada e que reunirá as melhores duplas após as sete etapas do Circuito Brasileiro.

SEGUNDO ELA, “tá tudo bem!”. Ao lado da cearense Rebecca, que se tornou a parceira oficial e definitiva de um ano pra cá, pela primeira vez Patrícia Ramos está entre as três melhores duplas do ranking brasileiro. Fechou o circuito nacional com os títulos das duas últimas etapas e com o terceiro lugar geral na somatória das sete etapas – quando o pior dos resultados, por força do regulamento, é descartado.

NA VIRADA de temporada 2017/2018 para 2018/2019, Patrícia e Rebecca podem se tornar a dupla número 1 do ranking nacional, já que não haverá descartes dos resultados do circuito recém encerrado. De quebra, numa votação popular no site da CBV, a menina de Espinosa que já tem no currículo três títulos mundiais ainda como atleta da base, concorre ao prêmio de “craque da galera”, com outras 44 atletas que disputaram o circuito brasileiro de vôlei de praia.

A VENETA conversou com Patty Ramos, direto da Capital Cearense. Confira.

Você vem de uma ascensão meteórica e já está entre as principais jogadoras do Brasil. Desde a base, se acostumou com as vitórias. Como é jogar de igual para igual com quem, até pouco tempo atrás, era apenas ídolo e não rival?
PATTY RAMOS – “Realmente são ídolos, pessoas que foram espelhos. É muito prazeroso dividir a quadra com quem, até então, você só assistia jogar e ficava prestando atenção naquilo que faziam de diferente para depois copiar. Não apenas jogar contra, mas a oportunidade de convívio é maravilhosa”.

Imaginava tudo isso em apenas quatro anos de carreira?
PATTY RAMOS – “Posso dizer fui abençoada. Deus fez com que eu passasse por isso tudo, a começar pela base; coisas para me lembrar pelo resto da vida; graças também a muitas pessoas especiais. Tudo o que aconteceu e vem acontecendo torna as coisas mais prazerosas porque você está dividindo a quadra com pessoas em quem se espelha. É uma felicidade muito grande ver que o trabalho está dando resultado”.


Patty tem no currículo três títulos mundiais ainda como jogadora de base; agora é destaque no ranking adulto
Com os títulos nas duas últimas etapas do Circuito Brasileiro, não acha que vocês chegariam ao Superpraia como favoritas?
PATTY RAMOS – “Vou ficar de fora por causa da lesão e a Rebecca ainda não decidiu quem será sua parceria temporária para jogar lá em Brasília. É uma questão pessoal dela, por causa do estilo de jogo. O Superpraia marca o encerramento da temporada 2017/2018 para começar a temporada 2018/2019. Vai reunir os 16 melhores times que pontuaram nas sete etapas do Circuito. Mesmo sendo um ranking, com mudanças a partir da colocação da dupla a cada etapa realizada, a gente se manteve sempre entre os 16 melhores times do Brasil e, por isso, participamos de todas elas. Aliás, praticamente a temporada toda ficamos como a terceira melhor dupla ranqueada. Tudo é muito equilibrado”.

A questão do dedo...
PATTY RAMOS – “Foi um lance de bloqueio ainda no primeiro set da final da sede em Aracaju. Fui bloquear um ataque adversário e a bola forçou o meu dedo. Joguei o restante da partida com o dedo já fraturado. Não sei se por ter forçado agravou alguma coisa. Mas a cirurgia é aparentemente simples. Estava marcada para ontem (dia 18 de abril), mas foi adiada para amanhã (20/4) à tarde por causa dos materiais especiais que serão utilizados”.

Já dá para saber o tempo que ficará de molho?
PATTY RAMOS – “A previsão gira em torno de trinta dias, segundo os médicos. Mas estou tranqüila. Diria que dos males, aconteceu o menor. Sem o contato com bola vou continuar cuidando da parte física, com os trabalhos de academia e de corrida e estudar mais sobre a parte tática”.

Com uma parceira fixa, dá para perceber a evolução nos próprios resultados da temporada: o “pior” resultado foi um quinto lugar...
PATTY RAMOS – “Foi a nossa primeira temporada e tem pouco mais de um ano que estamos juntas. Realmente, conseguimos render muito bem. Uma excelente campanha num circuito de muito aprendizado logo na primeira temporada juntas e já se manter entre os três melhores times do Brasil é uma conquista que, com certeza, estamos comemorando bastante”.

E quais foram os resultados?
PATTY RAMOS – “As etapas são limitadas às 16 melhores duplas femininas no ranking da véspera para cada uma das sedes. Como ficamos sempre nesta parte de cima do ranking, participamos de todas as etapas. Em Campo Grande e Natal ficamos em 5º lugar; quarto em Fortaleza, bronze em João Pessoa e vice em Itapema/SC, além dos títulos em Maceió e Aracaju. Hoje, somos ranking três do Brasil”.


Rebecca Silva e Patrícia Ramos após a final de uma das etapas conquistadas no Nordeste
Antes destes títulos em Alagoas e Sergipe, você já havia vencido alguma etapa da principal categoria do vôlei de praia brasileiro?
PATTY RAMOS – “Não, do circuito brasileiro open, que é uma espécie da primeira divisão do País, ainda não havia vencido. Realmente foi em Maceió o meu primeiro ouro numa etapa de disputa adulta”.

No circuito brasileiro, que é a principal competição como você disse, quantos pódios conseguiu, considerando ouro, prata e bronze?
PATTY RAMOS – “Anteriormente, eu tinha apenas dois segundos lugares, em Vitória/ES e São José/SC, na temporada passada. Agora, entram as medalhas e troféus das etapas do circuito atual: bronze na Paraíba, prata em Santa Catarina e os títulos de Maceió e Aracaju”.

Mas tem conquistas em outras competições nacionais...
PATTY RAMOS – “Não sei tudo de cor (risos)... Mas são conquistas bem expressivas e importantes. Aquilo que você disse sobre ter uma base sólida e com conquistas. Fui campeã dos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014 e bicampeã mundial Sub-21 na Suíça e China, em 2016 e 2017, e no brasileiro Sub-23 venci duas etapas em 2015 e três etapas em 2016. No adulto, venci ainda duas etapas do Sul-Americano deste ano, na Bahia e no Chile, e uma do ano passado, também no Chile”.

Como é esta projeção para que, no ranking de entrada da próxima temporada, vocês estejam como a dupla número 1 do Brasil?
PATTY RAMOS – “Para o Superpraia, que encerra a atual temporada, considera-se os resultados das sete etapas, com o descarte do pior deles. Por isso, a gente fica apenas em terceiro no geral. Mas, na virada de temporada, para a formação do ranking definitivo, não há descarte e, com esta somatória, a gente passa a ter pontos suficientes para ser a dupla ranking 1 do País”.

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