Melhor entre os montes-clarenses em 2017, Guilherme Nascimento vai atrás de voos mais altos
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Guilherme Nascimento foi 3º na prova de Santos Reis e vice-campeão na Rústica de São Sebastião (foto Clara's Imagens) |
AOS 30 anos, Guilherme Nascimento da Silva começou o ano com o pé direito. Aliás, com os dois pés muito bem afinados. Nas duas provas realizadas até aqui foi o melhor montes-clarense e norte-mineiro em ambas. Bronze na Corrida do Santos Reis e prata na Rústica de São Sebastião. Ficou atrás somente de João da Bota e de Ivanildo dos Anjos, atletas da equipe oficial do Cruzeiro e que vivem do esporte e têm o atletismo como profissão.
POR ENQUANTO, ainda não dá para ser assim: Guilherme divide a rotina de treinos com o trabalho de oito horas diárias numa copiadora da cidade. Para manter a técnica e o preparo físico, sacrifica os finais de semana e pelo atletismo abre mão até mesmo do lazer com a família e amigos.
NA CONVERSA com a VENETA, o corredor revela que sempre acompanhou as provas mais tradicionais do País, mas foi em Montes Claros que encontrou o ídolo que o inspirou a assumir o gosto pelo atletismo e o fez ir para a rua: José Geraldo “Lagartixa”, que de companheiro de treino virou rival “Ele ganhava tudo”, resume. Guilherme corre desde 2010 e já acumula mais de 100 pódios.
DEPOIS DAS provas dos santos no início de 2017, agora quer arriscar mais e se prepara para a Meia Maratona de Porto Seguro, em abril. A concentração é tanta que nem disputará a Rústica dos Bombeiros neste final de semana. Aliás, o roteiro para o restante do ano inclui outras provas consideradas nacionais, como a Meia Maratona Internacional de BH, em julho, e quem sabe, a corrida dos sonhos que acompanhava pela TV antes de se tornar atleta: a tradicional São Silvestre.
Para ter esta regularidade como o melhor atleta montes-clarense no atletismo de rua, é preciso ter concentração. Como é a sua preparação para manter esta média de bons resultados?
GUILHERME NASCIMENTO – “Tudo exige muita dedicação e disciplina. Treino seis dias por semana, com uma média de 100 quilômetros. Ainda faço o treino de velocidade 15x400 metros para ter arranque [ou tiro como se diz na gíria dos corredores, o que cria capacidade de correr num ritmo mais forte em trechos estratégicos da prova]. São duas sessões de academia por semana, mas é preciso também controlar a alimentação; evito tudo o que é gorduroso. Gosto mais de massas, frango e frutas, com suplementos para completar a alimentação”.
Você não é atleta profissional. Precisa conciliar esta maratona de treinos com um trabalho ganha-pão e, ainda, abrir mão do lazer com a família e amigos. Como é isto?
GUILHERME NASCIMENTO – “Trabalho todos os dias entre à tarde e à noite. Encerro o meu turno às 10 da noite. Por isso, treinos somente pela manhã. Às vezes, deixo de sair aos finais de semana porque gosto de treinar aos domingos pela manhã. Aliás, é até uma rotina dos corredores de Montes Claros fazer treinos longos aos domingos, entre 21 e 25 quilômetros”.
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José Geraldo Lagartixa, à esquerda, é, segundo Guilherme, a inspiração para a entrada no atletismo |
GUILHERME NASCIMENTO – “São quase sete anos neste ritmo. Corro desde 2010 e sempre chegando ao pódio”.
São quantas conquistas?
GUILHERME NASCIMENTO – “Primeiro, tenho que dizer que vencer ou chegar bem em uma prova é consequência de toda esta dedicação. Tenho muitos troféus de vitórias e pódios. Nunca parei para contar quantas conquistas tenho, mas já cheguei a uns 100 troféus em casa como campeão, segundo e terceiro colocado”.
Qual foi a prova mais complicada você teve pela frente?
GUILHERME NASCIMENTO – “Acho que a prova mais complicada que disputei foi uma Meia Maratona em Caldas Novas [Goiás]. O percurso era muito pesado por causa da quantidade de subidas. Cheguei no 15º lugar geral”.
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Segundo Guilherme, são 100 pódios até aqui; meta agora é buscar resultado de expressão em provas nacionais |
GUILHERME NASCIMENTO – “Acho que foi uma coisa natural porque eu sempre gostei de esporte e das corridas de rua, como a São Silvestre, que reunia os grandes corredores do Brasil como Vanderlei Cordeiro de Lima. Como eu disse, comecei a correr em 2010, mas com inspiração em uma pessoa daqui da cidade”.
E quem foi esta inspiração?
GUILHERME NASCIMENTO – “O José Geraldo, que todo mundo no meio do atletismo de rua conhece como Lagartixa. Ele era o melhor atleta da cidade; vencia praticamente todas as corridas por aqui. E desde quando comecei a treinar pensava que eu tinha que ganhar dele, porque ele parecia imbatível, como de fato era à época”.
E quando foi que conseguiu “bater” o ídolo?
GUILHERME NASCIMENTO – “Com seis meses de muito treinamento, inclusive em treinos junto com o próprio Zé, consegui vencê-lo na Corrida do Exército de 2010. Esta prova foi um divisor de águas. Desde lá que eu venho pegando pódio”.
Nas corridas do Santos Reis e de São Sebastião, você foi o melhor atleta local. Manteve um ritmo próximo aos dos vencedores, que são atletas profissionais. Vai ter a prova dos Bombeiros neste fim de semana. Qual é a sua meta para esta corrida?
GUILHERME NASCIMENTO – “Vou ficar de fora da prova dos Bombeiros. Não consegui fazer a inscrição a tempo. As vagas acabaram antes do prazo final, mas há situações que vêm para o bem. Estou com foco para a Meia Maratona de Porto Seguro, no dia 23 de abril, que é uma prova de grande porte, com projeção nacional”.
Já encarou também as provas mais tradicionais de Minas?
GUILHERME NASCIMENTO – “Fiz duas Voltas Internacionais da Pampulha, a melhor em 2016, quando fiquei em 29º lugar no geral e primeiro em minha categoria. Teve ainda a Meia Maratona de BH, também em 2015: cheguei em 16º no geral e segundo na minha categoria [25-29 anos]”.
Com esta sequência de resultados em Montes Claros nos últimos anos, acha que está na hora de buscar mais provas fora de Montes Claros?
GUILHERME NASCIMENTO – “Aqui em Montes Claros tem bons corredores, de alto nível, mas gosto de competir e as corridas fora de Montes Claros têm mais incentivo nas premiações. Acontece que às vezes falta apoio, mas tenho esta vontade de ir à São Silvestre, voltar à Meia Maratona de BH. Fora daqui, sei que vou encontrar adversários mais experientes, de estilos diferentes e quem sabe conseguir me tornar um atleta de elite. Vou ralar muito para isto acontecer”.
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