Montes Claros ao lado do Atlético no Marrocos

PROFESSOR E MÉDICO se juntam aos quase 30 mil brasileiros que foram para a África acompanhar a disputa do Mundial Interclubes; projeção é de pelo menos 50 norte-mineiros em Marrakesh e Agadir

Ciro Oliveira viaja neste domingo, devidamente a caráter pelo Atlético
SE A paixão pelo Atlético não tem limites, como a torcida faz questão de gritar e mostrar, a travessia de 7.653 quilômetros sobre o Atlântico para ver o Galo na histórica participação do Mundial Interclubes faz parecer até mesmo uma coisa rotineira. São pouco mais de 29 mil brasileiros que solicitaram visto de entrada no Marrocos, conforme a embaixada do Brasil naquele país, para ver Ronaldinho, Jô, Tardelli e companhia tentar o 11º título nacional na competição mundial.

NESTES MILHARES de atleticanos do outro lado do oceano, haverá pelo menos dois torcedores de Montes Claros que terão o privilégio de acompanhar a saga em gramados marroquinos. A projeção é bem maior, já que alguns residem em outras cidades da região e do Estado. “Uma só agência garante ter negociado 36 pacotes do Norte de Minas para o Marrocos, mas acredito que chegaria a 50 pessoas de nossa região que estarão in loco acompanhando o mundial”, projeta o agente de turismo Esmeraldo Pizarro.

O PROFESSOR Ciro Oliveira, de 35 anos, seguirá para o país norte-africano neste domingo, direto do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. Seu amigo Marcelo Amaral, médico dermatologista, vai junto. Na bagagem, além dos documentos, nada que não seja alusivo ao Atlético; camisas, calças, agasalhos, bandeiras, gorros e bonés.

“FOI UMA promessa pessoal: o dia em que o Galo ganhasse uma Copa Libertadores eu iria onde fosse necessário para ver o mundial”, diz Ciro, que tem um curso preparatório de Química na cidade. O otimismo foi tamanho que ele assume que fez um “plano financeiro” antes mesmo da conquista da taça. “Foi tudo de caso pensado, já confiante de que o Galo iria ser o rei da América. Diferente de algumas pessoas que vi que até venderam carro e casa, não estou abrindo mão de nada ou mesmo adiando a compra de alguma coisa”, explica.

O PROFESSOR, que carrega há oito anos no braço uma tatuagem com o distintivo do Atlético, reconhece que o custo não é baixo, mas que vale a pena. Em média, segundo as agências de turismo, um torcedor está gastando entre R$ 8 mil e R$ 10 mil para acompanhar o mundial.

JÁ A viagem de Marcelo Amaral por muito pouco não aconteceu. “O Ciro acertou a viagem já na primeira semana que o Galo ganhou o título. Eu deixei pra olhar agora em novembro e não havia mais vagas. Tive que entrar numa lista de espera e em cima da hora recebi a notícia de uma desistência”, narra o médico. Como não tem vínculo com uma instituição de ensino ou com o serviço público, a viagem não comprometerá seu trabalho. “Atuo apenas em meu consultório. Suspendi o agendamento de consultas neste período”.

CIRO LEMBRA que, antes mesmo do título, era provocado pelos alunos cruzeirenses sobre a impossibilidade de uma conquista alvinegra. O professor esteve no Mineirão no dia da dupla vitória sobre o Olímpia (tempo normal e pênaltis), que garantiu a taça inédita. “Uma sensação única. Fiquei na arquibancada atrás do gol. Tirei foto com a medalha e tenho autógrafos”, conta. Ciro colocou numa moldura de vidro a camisa que usou no dia histórico, com o ingresso em anexo. Sobre os alunos, diz: “fiquem aqui e assistam o mundial pela TV. Podem até torcer para o Bayern que eu não ligo. Aqui é Galo p...”, finaliza.

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