Um raio-x do Funorte na tentativa de ser clube de 1ª Divisão: orçamento, estádio, apoio, time...

JÁ ALHEIO À PÉSSIMA campanha que vem fazendo na Taça Minas Gerais (lanterna isolado com apenas três pontos), rendimento que jogou por terra a ideia de laboratório para a observação de atletas visando a formação de seu próximo grupo, o Funorte já pensa integralmente na maneira de como vai executar seu projeto de estreia na Primeira Divisão do Campeonato Mineiro, em 2011.

FORA DE CAMPO, a coisa pode até funcionar mais rápido do que se espera, com a promessa de aumento da cota de TV em quase 20% - incluindo o pay-per-view do SporTV, que pode chegar a R$ 550 mil -, e o interesse de atletas, treinadores e demais profissionais de uma comissão técnica em participar da elite do futebol mineiro. Os telefonemas de empresários e outros interessados acontecem todos os dias; e não são poucos. Basta ter critério para as contratações e, ao mesmo tempo, pensar grande, como na lista tríplice para o comando técnico, cujos nomes experientes adiantamos aqui: Flávio Lopes, Moacir Júnior e Marcelo Oliveira.

O PLANEJAMENTO É DE anunciar alguma novidade entre 1º e cinco de novembro, a começar pelo comando técnico e primeiros reforços, já que, do grupo da Taça Minas Gerais, as dispensas poderão chegar até a 90% diante da fraca campanha.

MAS NO TOCANTE à parte de logística, a preocupação do clube, torcida, imprensa e até mesmo de curiosos é latente, tendo em vista que, tão logo o STJD puniu o Mamoré e deu a vaga do acesso ao Funorte, foi ventilada a adesão do estádio João Rebello ao projeto tricolor. Acontece que o campo do Broca depende de reformas de todas as naturezas e o tempo está cada vez mais curto, a começar pela necessidade de treinamento do novo elenco pelo menos com dois meses de antecedência até a estreia, provavelmente na última semana de janeiro.

É BEM VERDADE QUE, para ter acesso ao campo, o Funorte depende da resposta final do Ateneu. A diretoria executiva alvinegra já sinalizou positivamente ao acordo, mas o Conselho Deliberativo, que já cumpriu uma agenda de pelo menos seis reuniões sobre o assunto, ainda não soltou a palavra – nem a assinatura – final.

PELO SIM, PELO NÃO, o Funorte garante que está trabalhando paralelamente para que, tão logo possa entrar no estádio do bairro São José, tenha condições de começar a reforma. O orçamento de alambrado, materiais de construção e de acabamento está em mãos, assim como o custo da colocação de um novo gramado, que compõem o chamado ‘grosso’ da obra - ao lado do sistema de iluminação.

DAS TRÊS
empresas contactadas (Grammar, HS e Green), uma foi escolhida para o serviço pelo histórico de trabalhos ao lado de Atlético, Cruzeiro, América e Governo de Minas (Mineirão, por exemplo). A HS Gramados, inclusive, já ‘puxou a orelha’ do comando do Funorte, adiantando que o tempo está se esgotando para adequação do serviço. São necessários pelo menos 60 dias para o trabalho, sem qualquer possibilidade de uso imediato. A proximidade com o período chuvoso é outro ponto que pode desandar o cronograma.

AÍ VALE RESSALTAR, a meu ver, a parte mais importante de tudo, seja para time ou para infraestrutura: dinheiro. O clube deixa claro que não tem receita própria para tudo isso. A cota de televisionamento será determinante e imprescindível para a conclusão de parte disso. Mas para atender tudo isso ainda espera por patrocinadores, adesões de empresas do ramo de construção civil ao projeto da reforma e, também, a uma ajuda de custo do município, nos moldes do que acontece com o projeto do vôlei.

SE O ORÇAMENTOS E planilhas foram aceleradas de um lado, do outro, no que se refere ao poder de mobilização de patrocinadores em potencial ou mesmo apoio humano ao projeto, as incursões são as mais tímidas possíveis. Nada de querer mandar cartas manuscritas ou e-mails, mas sim, ter a consciência de promover as chamadas visitas oficiais, com projetos substantivos em mãos para que o potencial patrocinador tenha noção do que é estampar a sua marca na 1ª Divisão de Minas.

UM BOM EXEMPLO a ser seguido, embora a diretoria da Funadem ainda esteja buscando complemento de receita, é o próprio time de vôlei da cidade, que em seus projetos aos potenciais parceiros conseguiu cotizar em cifrões o quanto um clube em uma competição de ponta consegue projetar a marca dos parceiros na mídia, seja em jornais, rádios, programas esportivos e/ou principalmente em transmissões ao vivo da TV.

POR SUA VEZ, A hipotética ajuda de custo da prefeitura cita acima foi tema de uma audiência pública, na manhã desta quinta-feira, na Câmara Municipal. Embora tenha sido notada a boa vontade dos vereadores, nada de prático foi feito a não ser montar uma comissão para uma reunião com o prefeito, na tarde da terça que vem. Acredito que haja mais empecilhos do que apenas uma antipatia política entre o grupo do prefeito Tadeu Leite e o do deputado Ruy Muniz, presidente de honra do FEC. Como foram anunciados cortes de pessoal na máquina municipal, nesta semana, e vociferada a queda de arrecadação, o argumento parece pronto para que o time de futebol não receba a tão sonhada ajuda pública. Ainda não desta vez.

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