William comemora o inédito apoio da torcida montes-clarense

COLECIONADOR DE títulos com o Sada, o “Mago” sempre foi perseguido no Poliesportivo; depois de quase mudar de país, jogador fala da preparação para defender o Brasil no Rio-2016


Por pouco William não se tornou cidadão argentino e defendeu a seleção daquele país
ELE JÁ perdeu a conta de quantos jogos fez na cidade com o Sada/Cruzeiro – no qual é capitão – contra as equipes de Montes Claros entre 2010 e 2016, mas por outro lado tem uma certeza: em todos eles foi um dos principais alvos da torcida em vaias e provocações. Um dos levantadores convocados pelo técnico Bernardinho, William Arjona está com a seleção brasileira em Montes Claros para a série de dois jogos contra a Eslovênia e se diz pronto para a fase final de testes antes dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.

ESPECIALMENTE EM Montes Claros, onde pela primeira vez terá a torcida a seu favor.

“TENHO QUE aproveitar este momento. Sempre joguei contra e agora estamos do mesmo lado. Mas quando viemos a Montes Claros pelo clube [Cruzeiro] houve apoio também dos cruzeirenses. Espero que agora a torcida faça a diferença ao nosso favor e coloque uma pressão sobre eles [Eslovênia]. Aliás, esta é a fama da torcida de Montes Claros: pressionar”, disse o “Mago”, que foi um dos três atletas relacionados para a coletiva com os jornalistas, no início da tarde desta sexta-feira, no Amsterdam Apart Hotel, onde a delegação está concentrada.

ARGENTINO? QUASE

NA CONVERSA com a VENETA, mesmo diante da série de amistosos e da disputa da Liga Mundial antes das Olimpíadas, William falou sobre a forte evidência de que será um dos doze nomes do Brasil no Rio 2016 a partir de um resgate na carreira. Há seis anos, ainda como jogador e ídolo do Bolívar, principal time da Argentina, ele estava bastante propenso a continuar no país vizinho e se naturalizar para jogar no selecionado argentino, já que não era sequer lembrado para a Seleção Brasileira.


"Rodízio é natural; estamos numa pré-temporada"
NO ENTANTO, a mudança de planos teve uma parcela decisiva da família, que pediu a sua volta para o Brasil depois de cinco anos seguidos em Buenos Aires – o que coincidiu com a proposta de trocar o Bolívar pelo Sada. “O momento agora é uma demonstração de que fiz a escolha certa. Ainda bem que tive esta pressão da família para voltar e não finalizar o processo de naturalização. Era uma dúvida que eu tinha na época, até porque não sabia qual seria o meu futuro em relação à Seleção Brasileira”.

SEGUNDO ELE, com tempo e, principalmente pelos resultados, voltou a ser lembrado para a seleção [jogou em todas as categorias de base do Brasil]. “Hoje, não tenho dúvida de que fiz a escolha certa. Defender meu país é o maior orgulho que eu tenho, sem dúvida. Agora penso que seria um pouco estranho defender a seleção da Argentina. Agradeço a todos por terem acreditado em meu trabalho para chegar aqui”.

WILLIAM CONCORDA que, com o grupo completo, a tendência nestes primeiros amistosos é de o treinador optar pelo rodízio de atletas, a começar pelos dois testes em Montes Claros. “O Brasil tem muitos – e bons – jogadores e este revezamento faz parte para encontrar a melhor formação, além de identificar a melhor condição [física e técnica] de cada um. Tem atleta no grupo que está voltando de lesão e outros que são grandes promessas. Por isso, o Bernardo testa todo mundo, mas acredito que ele já tenha uma fase formada. Resta, então, trabalhar da melhor forma”.

SOBRE O adversário de amanhã e da segunda-feira, o levantador vê os eslovenos com um time “bem complicado” e lembra que o país tem vários jogadores atuando em competições muito fortes, como na Itália e outros campeonatos de alto nível. “Acho que eles vão dificultar bastante para o Brasil, principalmente por ser um momento de praticamente uma pré-temporada; nenhum jogador está ainda em seu melhor momento – e é natural que seja assim -, mas o grupo é habilidoso e inteligente e não tenho dúvida de que, com isto, vamos minimizar o grau de dificuldade da partida. O principal para o Brasil vai ser reduzir o número de erros. A pressão vai existir a todo o tempo”.

Fotos: Luciano Aguiar

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