Dez anos depois e o futebol de Montes Claros sem nenhum clube em competições profissionais

MONTES CLAROS FC até tentou parceria, mas segue rival Funorte e abre mão da disputa do Campeonato Mineiro da Segunda Divisão

Clássico entre  rivais de Montes Claros em 2013; vitória do Funorte sobre o Bicho
Em dez anos, esta será a primeira vez que o futebol de Montes Claros não terá representantes em competições profissionais da Federação Mineira de Futebol (FMF). Com a realização do Conselho Arbitral na tarde dessa terça-feira (10/5), que definiu número de clubes, divisão de grupos e o regulamento, ficou sacramentada a ausência da cidade na disputa do Estadual da Segunda Divisão (Série C).

O prazo para inscrições venceu no dia 26 de abril e nenhum dos clubes de Montes Claros protocolou o pedido de participação. No entanto, haveria a prerrogativa para que, mesmo sem se inscrever, o dirigente pudesse apresentar pedido durante o Conselho Arbitral para entrar na disputa, desde que fosse acolhido por unanimidade pelas demais equipes.

Mesmo com esta segunda chance, nada do gênero foi apresentado pelos montes-clarenses, diferente do que fez a Esportiva Guaxupé, que perdeu o prazo de inscrições, mas formalizou o pedido de entrada durante o Conselho Técnico e foi confirmada na Segunda Divisão – está na Chave B.

BREVE HISTÓRICO: FUNORTE

A última vez que um campeonato mineiro não teve clubes da maior cidade da região Norte foi em 2006. No ano seguinte, o Funorte fazia a sua estreia em competições profissionais, mas foi eliminado na 1ª fase, com uma campanha de 11 pontos em 8 jogos.

Em 2008, o mesmo Funorte fez uma campanha irreparável. Sob o comando do técnico Luiz Eduardo, o “Rei do Acesso”, foi campeão da Segundona com apenas um ponto de vantagem no Hexagonal Final em relação ao América/TO (20 a 19). 

Funorte em ação pela Segundona de 2014; vencia o Valério por um a zero
Em 2009 e 2010, o Funorte disputou o Módulo II, uma divisão acima, mas foi no tapetão, depois de denunciar e comprovar a irregularidade de um atleta do Mamoré, que conseguiu o histórico acesso à Primeira Divisão. A experiência na Elite foi efêmera e em menos de quatro meses foi rebaixado com uma campanha pífia, que pode ser resumida com a derrota de virada em casa para o Democrata/GV por 5 a 2.

Em 2012, de volta ao Módulo II, outro fiasco. Com apenas dois pontos em 30 disputados, o Funorte foi o lanterna em sua chave na 1ª fase e acabou entre os rebaixados para a Segunda Divisão, de onde não mais saiu. Disputaria, ainda, a Segundona de 2013, na qual perdeu a vaga no acesso no último minuto, com a derrota para o Nacional/Uberaba por 1x0, e em 2014, quando ficou mais uma vez em terceiro lugar e não subiu de volta ao Módulo II por apenas um ponto.

No ano passado, alegando problemas financeiros com a redução de receita da faculdade de mesmo nome que mantém o clube, a direção do Funorte anunciou a sua ausência na Segunda Divisão, já sinalizando que a decisão prevaleceria também nesta temporada – como, de fato, aconteceu.

E O BICHO?

Com cinco competições consecutivas no currículo nos anos 90, o Montes Claros Futebol Clube voltou à ativa somente em 2012 para a disputa da Segunda Divisão. Ficou na primeira fase, com apenas a terceira colocação da Chave B (oito pontos em seis jogos). Apenas os dois primeiros se classificaram para a fase final.

Bicho após acesso: campanha teve uma virada em cima do Mamoré
No ano seguinte, o Bicho foi arrasador. Fez uma campanha com mais de 90% de aproveitamento na 1ª fase e no hexagonal final, depois de duas trocas de técnico, ficou com o vice-campeonato após vencer no sufoco a extinta Unitri, por 1 a 0. Subiu para o Módulo II de 2014, mas como a base foi desfeita e numa competição mais forte tecnicamente, o MCFC fez apenas oito pontos em dez jogos. Ficou em penúltimo lugar na chave, apenas uma posição acima da zona de rebaixamento.

Em 2015 veio a derrocada. Com um elenco mais enxuto e sem a mesma qualidade técnica do anterior, o Bicho fez uma campanha avessa à do ano anterior e não venceu um jogo sequer. Entrou em campo dez vezes, empatou seis e perdeu outras quatro. Foi o pior time da Chave A e acabou rebaixado para a Segundona deste ano. 

No entanto, mesmo com a vaga de direito, o comando tricolor confidenciou que deixaria a disputa diante de restrições financeiras. O presidente Ville Mocellin revelou que perdeu algumas receitas com aluguéis de imóveis e sem possibilidade de um patrocínio master para assumir a maioria das despesas, achou melhor parar as atividades com o time profissional.

Chegou até cogitar a possibilidade de passar o comando do time para outro dirigente, mas não houve acordo na parte financeira, além do que, conforme proposta, não teria interferência alguma na futura diretoria.

Fotos: Christiano Jilvan

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